Um colega chegou a mim
e perguntou: - Paulo, o que aconteceu? Minha resposta foi um silêncio profundo.
Não entendia o que estava acontecendo. Era algo que não acreditava, até aquele
momento, quando percebi que tudo acontecia numa expectativa alimentada pelas
horas de ansiedade a espera por uma reunião que desfez qualquer esperança em
apenas pouco mais de sete minutos. Fiquei atento a isso: foram pouco mais de
sete minutos. Parte do que muitos foram dentro de uma instituição se desfez
nesse tempo: sete minutos... Pouco mais que isso. O passar dos dias que se faz
para além do exíguo tempo foi de uma tristeza sepulcral, onde as falas ficam
difíceis para o enfrentamento de um novo momento a vida para alguns que de
cabeça erguida e com toda a dignidade que caiba na natureza humana, puseram-se
rapidamente diante da necessidade de uma nova caminhada, em realidade distinta
a que até o momento dos fatídicos sete minutos (pouco mais que isso) se
apresentou a todos que ali se reuniam para uma separação. No momento seguinte,
choro, angústia, revolta, e todas as possiblidades de manifestação interior que
se exterioriza, ao menos naquele momento, no olhar. Não sei explicar o que
aconteceu. Não quero ser leviano, nem tão pouco tomado pelos discursos de
contradição, que na revolta encontra alento a qualquer justificativa que não
explica nada, a não ser a própria revolta de cada uma das quase 60 pessoas, que
tiveram seu trabalho usurpado por procedimentos ainda não totalmente
entendidos. Com isso, não quero refutar ou questionar qualquer artifício legal
utilizado para os encaminhamentos e tomada de decisões que resultaram na
concretização do ditado: a corda sempre arrebenta no lado mais fraco. Há nisso
uma sinistra, estúpida e evidente obviedade. No decorrer dos dias, e ainda são
poucos, os discursos se multiplicam nas redes sociais, mais especificamente no
Facebook, onde a palavra se manifesta em torrenciais de ignorância, ou de
revolta, ou de busca de entendimento interior, ou de calma, ou de frustração...
É um misto de tudo e por vezes de nada que não constrói possibilidades de
percepção que mesmo na dor é preciso não intensificá-la ao ponto de que outros
também a sintam e numa intensidade que possa superar a dor de quem deveras
sente. Onde estão os culpados? Não sei também dar essa resposta. O que sei é
que alguns olhares, e mesmo palavras, acusam inocentes. A inocência em si trás
uma culpa interior pelo silêncio quando se requeria a fala, e pela fala quando
se requeria o silêncio. A ignorância na revolta faz que se cometa a mesma
“injustiça” que possa ter sido cometida. A legalidade da ação, repito, não pode
ser questionada. O que se pode querer são respostas que, não tendo mais certeza
de nada, espero que venham. Aos culpados, a pena. Que a justiça, que a partir
de todas as investigações, apresente conclusão necessária a este drama de
alguns de nós e talvez imposto a toda uma população (caminho aqui acreditando
que tudo pode dar certo). Em mim, a percepção e o entendimento da inocência de
uma grande maioria de pessoas, daqueles que perderam seus postos de trabalhos
(perdoem-me, não inocento a todos). Não sou juiz, reservo o direito de opinar
numa observação de comportamentos e mesmo ações percebidas pelo convívio de
longa data. Vejo inocentes num alento aos seus algozes e num entendimento
distorcido de quem possa ser culpado por todo esse drama real. Não esqueço,
entretanto, que ainda permanecerão nesta nossa casa de saúde alguns portadores
de graves doenças da alma: falta de caráter, indignos de confiança e
insensíveis ao sofrimento do próximo – graças ao sempre bom Deus constituem uma
minoria. Enfim, não sei se uma vida profissional possa caber num exíguo tempo:
sete minutos, pouco mais que isso. Descobri que coube. Não sei o que cada
pessoa que foi tão somente testemunha de tudo que aconteceu no decorrer de
alguns meses, pensa, sente, faz, diz, escreve... O que sei é que trago aqui
dentro uma tristeza e uma revolta. Tristeza por tantas pessoas terem que buscar
outros caminhos, não mais próximos aos meus, não dando os bons dias, tardes ou
noites como companheiros de trabalho, discutindo o stress do nosso cotidiano na
instituição que passa a ser vista de outra forma – para alguns, com os olhos da
expectativa, para outros, com os olhos de certeza de futuro nebuloso. Não faço
exercício de futuro, mas torço que seja bom para todos.
por Paulo Gomes...
RAPIDEZ,CREDIBILIDADE E AS MELHORES TAXAS DO MERCADO VOCÊ ENCONTRA AQUI,VENHA E CONFIRA...
Nenhum comentário:
Postar um comentário